INFORMAÇÃO SUMÁRIA

 

Padroeiro: S. Tiago.

Habitantes: 356 habitantes (I.N.E.2011) e 419 eleitores em 05-06-2011.

Actividades económicas: Agricultura, Indústria e Comércio..

Festas e romarias: S. Tiago (Agosto).

Património cultural e edificado e locais de interesse turístico: Igreja Paroquial, Casa dos Casais, Casa da Costa, Casa do Crasto, Casa Nova de Quinta de Vila Boa, Casa de Casal, Casa de Soutelinho, miradouro de Soutelo, vistas panorâmicas sobre o vale do Lima e Túmulo do Padre Himaláia.

Artesanato: Cestaria.

Colectividades: Associação Sociocultural Padre Himalaya.

 

 

ASPECTOS GEOGRÁFICOS

 

A cerca de 9 Km da sede do concelho, na margem direita do rio Lima, a Freguesia de Cendufe ocupa uma área de aproximadamente 211 ha, área que, em grande parte, se estende por terras montanhosas donde, por esse aspecto, se desfrutam de lindíssimas paisagens sobre o vale do Lima e também, sobre a parte final do vale do Vez. Os seus limites estão estabelecidos da seguinte forma: a norte com a Freguesia de Miranda, a nascente com a Freguesia de Padreiro – Salvador e a Freguesia de Padreiro – Sta Cristina, a sul com a Freguesia de Jolda – S. Paio e a Freguesia de Jolda – Madalena, e a poente com a Freguesia de Rio Cabrão.
Integra os lugares de Agrelos, Outeiro, Vila Boa, Ribeiro, Lage, Costa, Bouças, Rodalho, Fábrica, Casais, Mourigo, Boucinha, Devesa, Monte, Coto, Soutelo, Portela, Monte da Costa e Castro.
RESENHA HISTÓRICA
Muito apreciado na freguesia — o Túmulo do Sábio — última memória a um pároco, o Padre Himaláia que, segundo os locais, houvera alcançado a sabedoria. Sabe-se que foi sem dúvida um grande cientista português.
Cendufe, nas inquirições de D. Afonso III era designada de “Sancti Jacobi de Rodalio”, e no tempo de D. Manuel aparece já como Cendufe.
Sabe-se que Cendufe foi habitada muito antes da nossa nacionalidade. O Castro de Cendufe é bem prova disso.
Eugénio de Castro Caldas no livro “Terras de Valdevez e Montaria do Soajo” ao fazer referencia aos castros de Arcos de Valdevez diz que talvez o mais importante seja o Castro de Cendufe, cuja «estatutária» Félix Alves Pereira estudou, e que o referido arqueólogo arcuense entregou certos fragmentos de peças encontradas nesses castros ao Museu Etnológico Português.
Os abades eram da apresentação da mitra e antes do convento de S. Domingos, de Viana. Segundo Américo Costa, Santiago de Cendufe foi abadia da apresentação do Convento de São Domingos de Viana, com reserva do Ordinário.
 Em 1320, no catálogo das igrejas do bispado de Tui, ao norte do Rio Lima, que o rei D. Dinis mandou elaborar, para a determinação da taxa a pagar, Cendufe aparece com 110 libras. No aludido documento denomina-se “ecclesiam Sancti Jacobi de Cenduffe”. Em 1444, a comarca eclesiástica de Valença, desde o rio lima até ao Minho, foi desmembrada do bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta.
Em 1512, o arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, deu a D. Henrique, bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho. Em 1513, o papa Leão X aprovou a permuta.
Para a incorporação dos 140 benefícios eclesiásticos de Entre Lima e Minho na diocese de Braga, D. Diogo de Sousa mandou proceder à sua avaliação. Cendufe rendia 39 réis e 60 alqueires de pão.
Em 1546, no Memorial do vigário da comarca de Valença, Rui Fagundes, Santiago de Cendufe era anexa a São Salvador de Padreiro, assim como Santa Cristina. As três igrejas, conjuntamente, foram avaliadas em 60 mil réis.
O Censual de D. Frei Baltasar Limpo, na cópia de 1580 que o Padre Avelino Jesus da Costa analisou para a elaboração do seu livro “A Comarca Eclesiástica de Valença do Minho”, refere que Santiago de Cendufe estava anexa ao mosteiro de São Salvador da Torre, sendo da sua apresentação.
Segundo Américo Costa, Santiago de Cendufe foi depois abadia da apresentação do convento de São Domingos de Viana, com reserva do Ordinário.
Chamou-se Cendufe e Rio Cabrão por estas duas freguesias terem estado anexadas desde 1864 até 1900.
Segundo alguns autores já no ano de 1853 esta freguesia aparecia anexada à de Rio Cabrão. Fez parte do julgado de paz de Távora.
Em 1839, pertencia à comarca de Ponte de Lima e, em 1852, à de Arcos de Valdevez.
( Fontes consultadas: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, Inventário Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e Freguesias Autarcas do Século XXI, Terra de Valdevez e Montaria do Soajo)

O PADRE HIMALÁIA
Entrevista: Prof. Jacinto Rodrigues*
Quem era o Padre Himalaya?
Era um cientista, natural de Cendufe, Arcos de Valdevez, nascido em 1868 e que morreu em 1933.
Interessou-se pelas energias renováveis e por processos de organização territorial, nomeadamente sistemas de irrigação, plantação de árvores e sistemas urbanos que antecedem as preocupações actuais em torno do que se chama hoje o eco desenvolvimento.
 
O que o fez dedicar-se à obra do Padre Himalaya e à sua divulgação?
A actualidade das suas preocupações em relação às energias renováveis e a necessidade de promover um outro tipo de desenvolvimento, oposto ao crescimento económico baseado em energias fósseis, esbanjamento, poluição e exclusão social.
Quais as principais invenções do Padre Himalaya?
A invenção mais conhecida do padre Himalaya é o pireliófero ou seja a máquina solar que, em 1904 ganhou o grande prémio na exposição de St. Louis nos E.U.A.
Seguiram-se outras invenções que também foram amplamente conhecidas na sua época, tais como as várias patentes relacionadas com explosivos. Outras patentes menos conhecidas referem-se a processos de obtenção de farinhas alimentares e rações para animais à base de crustáceos. Igualmente pouco conhecidas são as patentes relacionadas com motores: o turbo-motor e o motor a gás pobre.
Existem também inovações ou outras invenções que não se traduziram em patentes mas que, eventualmente, constituíram experiências criativas que podem ainda ser motivo de novas pesquisas. Refiro, nomeadamente, um sistema de canhões com um processo complexo de misturas explosivas que deveriam provocar chuva artificial.
Lembro ainda que o Padre Himalaya fez investigações sobre o aproveitamento da energia solar através de fotopilhas. Apenas se conhecem breves esquissos.
É de assinalar ainda tratamentos fitoterápicos e propostas de medicina naturopata que o motivaram ao longo de toda a sua vida como terapeuta.
Qual a razão porque os portugueses nunca tinham ouvido falar desta peculiar personagem científica portuguesa?
Razões contextuais que têm a ver com o facto de ser um padre que era simultaneamente pro-republicano e eventualmente maçónico. Por outro lado, dedicou-se à energia solar no momento em que o modelo baseado no petróleo estava a fazer a sua ascensão e determinaria todo o processo industrial e civilizacional do capitalismo.
É também possível que alguns dos seus inventos, que não tiveram aplicação prática imediata e outros que suscitaram enorme controvérsia, tenham contribuído para uma aura de génio incompreendido neste personagem cuja actuação na sociedade foi, muitas vezes, contra-corrente.
Acha que o Padre Himalaia teve o devido reconhecimento científico em Portugal?
O Padre Himalaya, pelo facto de desenvolver a sua problemática num paradigma ecotecnológico nunca foi compreendido por uma sociedade hegemonicamente positivista e mecanicista, baseada numa tecno-ciência à base das energias fósseis. Por outro lado, a sociedade cultural em que viveu, dificilmente estava aberta a um homem que, conservando-se padre católico, tinha contudo anti-corpos no clero por ser aberto ao laicismo e ter um ponto de vista mais liberal do que a igreja do seu tempo.
Também a sociedade republicana e anti-clerical via com desconfiança um cientista que continuava padre.
Como surge o título do seu livro: “A conspiração solar do padre Himalaya”
Este título é propositadamente ambíguo pois pretende referir um enquadramento repressivo do paradigma das energias fósseis face a uma proposta científica e cultural baseada nas energias renováveis, em especial na energia solar. Por outro lado, este título refere também que a persistência na defesa da energia solar por parte do Padre Himalaya, permitiu consolidar um pensamento contra-corrente que está vir ao de cima nos nossos dias com a emergência do paradigma ecológico que estamos a viver.
A sua invenção mais curiosa e espectacular é o pirelióforo. Qual é a razão no seu entender para que o Padre Himalaya tenha desenvolvido a sua investigação na direcção da energia Solar?
O Padre Himalaya referiu vários objectivos ao dedicar-se à energia solar: energia gratuita e generalizada a todo o planeta.
Pretendia obter energia térmica para o funcionamento de motores a vapor que fossem capazes de desenvolver energia motora, nomeadamente para obtenção de electricidade.
Pretendia também utilizar as altas temperaturas para aplicação na siderurgia.
Pretendia ainda a utilização de altas temperaturas para a transformação do azoto em nitratos, úteis à agricultura.
O primeiro protótipo desse pirelióforo da sua autoria foi apresentado em Sorède. Porquê?
O primeiro protótipo foi apresentado em Neully-Paris, entre 1899 e 1900.
Foi em Julho e Agosto de 1900 que apresentou um segundo protótipo, em Sorède. Era muito maior e o Padre Himalaya quis testá-lo numa zona conhecida pela sua exposição solar- os Pirinéus Orientais. Razões de ordem ainda desconhecida permitiram uma relação entre o Padre Coll e o Comandante Bazeries que favoreceram a permanência nesse local.
Passados 100 anos da sua grande invenção, o “Pireilióforo”, quais os avanços científicos nesta área?
Deram-se passos seguramente muito importantes no domínio da energia solar. Basta observar o forno solar de Odeillo, o projecto Themis e outros, para se revelarem os avanços técnicos desta invenção do Padre Himalaya, que os antecedeu.
O trabalho do Padre Himalaya é de tão elevado alcance que merecia mais do que um livro. Será que Portugal pode aprender alguma coisa com a dedicação deste cientista?
Penso que, essencialmente, para além da contribuição eco-tecnológica do Padre Himalaya é importante assumir hoje alguns dos aspectos mais importantes do seu discurso teórico, em relação, nomeadamente, à educação e ao desenvolvimento ecologicamente sustentado.
Assim, o Padre Himalaya desenvolveu ideias concretas sobre processos de formação pedagógica e profissional que deveriam levar à criação de quintas escolares, possibilitando uma relação constante entre os alunos e as actividades com a natureza.
O associativismo e o cooperativismo, à escala regional, nacional e internacional deveriam levar à criação duma sociedade sem exclusão social.
Uma dietética mais centrada sobre a alimentação vegetariana e uma medicina profiláctica centrada na naturopatia, constituíam preocupações essenciais que o Padre Himalaya defendeu e praticou.
Manuel António Gomes, nascido em 1868, em Santiago de Cendufe no concelho de Arcos de Valdevez era um rapaz humilde, filho de agricultores portugueses que como era típico na altura enveredou pelo sarcedócio, estudando no Seminário de Braga. Concluiu o curso de Teologia em 1890, mas os seus interesses não se ficaram apenas pela Filosofia das religiões, tendo durante vários anos leccionado as disciplinas de Ciências Naturais, Física e Química em Vila Nova de Gaia inicialmente como professor particular da família Van Zeller e posteriormente em vários colégios do centro e norte do nosso país. Consta-se que estas disciplinas eram de facto aquelas que o atraíam e a sua grande paixão. Resta terminar este primeiro parágrafo com uma referência à estatura desta personagem: alta, tão alta como os Himalaias, daí o seu nome histórico e para os amigos: Padre Himalaia!
Actividades científicas
O Padre Himalaia sentiu necessidade, como cientista de aprofundar os seus conhecimentos, decidindo ir para Paris. Deve-se dizer a título de introdução que já nessa altura lhe passavam pela mente muitas teorias e possibilidades de aplicações científicas relacionadas com a energia solar, que necessitava de amadurecimento. A sua estadia em Paris, onde estudou as lições do físico Berthelot e de outros conferiu-lhe tempo também para a preparação e construção de um sistema para obter temperaturas elevadas através da aplicação da energia solar. Essa sua ideia deu-lhe uma patente concedida pelo Governo Francês, em 1889, a que se seguiu um segundo protótipo, sendo o teste deste feito no topo dos Pirenéus orientais, atingindo a temperatura de 1100 ºC! Temperatura que actualmente surpreende muita gente e que na altura deve ter maravilhado quem assistiu à experiência.
Como se não chegasse, em 1902 e já em Lisboa atingiu os 2000 ºC e fundiu um enorme bloco de basalto. Este senhor nortenho não se deixou ficar pelo que já era soberbo e atirou-se ao maravilhoso: ir à Feira Internacional de St. Louis de 1904 e atingir 3500 ºC, sendo assim capaz de fundir qualquer metal ou rocha!
O Pireilióforo
O sistema utilizado que deve intrigar qualquer um chamou-lhe o Padre Himalaia de pirelióforo (“eu trago o fogo do Sol”) e era constituído por um enorme espelho parabólico, com uma superfície de 80 m2, mas formado por 6177 pequenos espelhos de modo a formar a dita parábola e assim concentrar a energia solar incidente numa superfície – cápsula refractária – e aí atingir a temperatura proposta. Toda esta estrutura estava assente numa armação de aço de 13 m de altura. Tudo isto tinha ainda de rodar de modo a seguir o Sol e para isso o Padre Himalaia concebeu um sistema de relojoaria de modo a poder rodar o enorme espelho.
Deve-se dizer que para a construção de tal estrutura muito contribuíram particulares, estrangeiros, mas o governo português apenas lhe deu “apoio moral”, tão típico dos nossos governantes.
Esta novidade científica constituiu a grande atracção da Exposição Internacional de St. Louis e ao mesmo tempo o invento mais importante. Não foi assim de forma inesperada que a medalha do “Grand Prix” lhe foi atribuída pelo seu invento, mas também outras 2 medalhas de ouro e 1 de prata. O que se seguiu mostrou o carácter e a dignidade do homem que aqui queremos homenagear: o Padre Himalaia foi convidado pelo presidente Norte Americano a naturalizar-se norte americano, porque o seu invento assumia tal importância a nível industrial e militar que os EUA não queriam perder a oportunidade de assumir o controlo de tal tecnologia. O Padre Himalaia rejeitou este convite, porque era português de coração (apesar de o nosso governo apenas lhe ter criado entraves ao desenvolvimento das suas investigações) e além disso não pretendia que as suas invenções fossem usadas com fins bélicos, mas sim para o desenvolvimento da indústria e acima de tudo ser útil ao seu país.
Homem insaciável
Este excepcional personagem português não se ficou pelo pirelióforo e ainda inventou um poderoso explosivo, três vezes mais potente que a dinamite, com base em clorato de potássio, que patenteou e chegou mesmo a ser produzido numa fábrica para esse mesmo efeito e ao qual deu o nome de himalaíte. E outros inventos se seguiram, bem como trabalhos sobre Cosmologia (contando mesmo com a edição de um livro sobre este tema, escrito aquando da sua estadia na Argentina a partir de 1927) e explicações de fenómenos da natureza.
Energias Renováveis
Este português ilustre, mas desconhecido, que sofreu na pele todas as injustiças por parte de quem não percebe, nem quer perceber qual a mais valia de tais actividades para o país, entendeu no início do século passado o que estava intrinsecamente ligado ao nosso excelente clima: o Sol e a fonte de energia inesgotável que ele transmite para a Terra. O uso dos recursos naturais de uma forma inteligente e equilibrada para se atingir melhorias nas condições de vida das populações está subjacente a conceitos como “desenvolvimento sustentável” e o uso das energias alternativas para se produzir energia já estava certamente na mente do Padre Himalaia. A sua invenção é mais do que um exemplo, é uma confirmação do que pode ser atingido com a “mera” energia solar, recurso endógeno em todo o mundo, e que espanta certamente muita gente nos dias de hoje.
Hoje estamos a braços com uma crise energética e a necessidade de mudança em termos de fontes de energia, mas temos de assistir impávidos e serenos à ausência de uma política a nível nacional para desenvolver o uso das energias renováveis, diminuindo o fardo dos combustíveis fósseis na economia nacional e ao mesmo tempo potenciando o uso dos recursos endógenos, criando mais valia tecnológica e postos de trabalho, fixando populações, atingindo assim um desenvolvimento descentralizado e sustentável.
*Professor da Fac. de Arquitectura da Univ. do Porto.
Extraído na integra do site:
http://www.energiasrenovaveis.com/html/canais/destaques/destaques1204.asp
934 456 917
cendufe.jf@gmail.com
 
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